— 20 de março de 2024
Conheça a história do acervo de indumentária do MASP que mudou a forma como a moda e a arte eram vistas no Brasil e que agora fazemos parte junto a outros estilistas e artistas. LEIA MAIS

No início dos anos 1950 Pietro e Lina Bo Bardi, diretor e arquiteta do museu do MASP, iniciaram um projeto ousado que mudaria a forma como a moda e a arte seriam vistas no Brasil. A formação de um acervo permanente com indumentárias especiais. Tal projeto fazia parte da ideia de “museu fora dos limites”, uma reconfiguração da forma que o público consumia a arte.

“É preciso conceber novos museus, fora dos limites estreitos e de prescrições da museologia tradicional: organismos em atividade, não com o fim estreito de informar, mas de instruir, não uma coleção passiva de coisas, mas uma exposição contínua e uma interpretação de civilização (...)”

Para ambos, os museus deveriam promover a unidade das artes provocando curiosidade ao público, com um caráter universal, didático e agregador. E ainda impulsionar a formação profissional nas áreas de arte, arquitetura e design.

Nessa época eles criam a primeira escola de design brasileira, o Instituto de Arte Contemporânea (AIC), dirigido por Lina, e iniciam a Seção de Costumes.
Com desfiles de moda com peças de Christian Dior ocorrendo dentro do museu, e ainda uma peça desenhada por Salvador Dalí, dava-se início ao acervo de moda que até hoje cresce.


A moda é uma das atividades importantes no campo da arte. (...) Um belo traje vale tanto quando uma boa pintura. A moda é sempre a conseqüência de um modo de pensar e de viver.  - Pietro M Bardi

Ainda no início da formação da Seção de Costumes, nos anos 1950, o MASP realiza um novo desfile de moda com peças criadas inteiramente nas oficinas do museu, inspiradas na fauna e flora, nas culturas indígena, afro-brasileira e em costumes populares. Com criações de Carybé, Burle Marx, Klara Hartoch e Sambonet.


Nos anos 1970 a Seção de Costumes recebe uma importante doação de peças da Coleção Rhodia. Para promover a venda de seus têxteis, a grande empresa de tecidos criava coleções em parceria com artistas plásticos e estilistas, e realizava editoriais e desfiles de alta qualidade. Alfredo Volpi, Francisco Brennand, Manabu Mabe e Willys de Castro são alguns dos nomes envolvidos. O acervo e, em especial, a coleção da Rhodia acabaram se tornando uma espécie de referência para a moda brasileira.


Em 2015, o museu expôs pela primeira vez o acervo completo da Coleção MASP Rhodia. Logo após, em 2018, Adriano Pedrosa, diretor artístico do MASP, resolve revitalizar o projeto, agora chamado de Coleção MASP Renner. Lilian Pacce, curadora-adjunta do projeto, entrou em contato com nosso diretor criativo, André Namitala, e com o artista e professor Ayrson Heráclito com o convite de criarem juntos 3 peças para integrar o acervo.


André e Ayrson fizeram alguns encontros e depois de muitas aulas e troca de saberes, uma pesquisa profunda somada ao trabalho da equipe do atelier Handred, as três peças são exibidas na exposição que fica no MASP até 9 de junho. Outras duplas importantes estão presentes: Sonia Gomes e Gustavo Silvestre, Lidia Lisbôa e Fernanda Yamamoto, Beatriz Milhazes e Andrea Marques, Aline Bispo e Flavia Aranha, No Martins e Angela Brito, entre muitas outras. Você pode ler mais sobre cada peça aqui

“Podemos ler as peças do projeto MASP Renner como ficções que condensam memórias, gestos, desejos, movimentos e narrativas dispersos na vida social. Muito além de um condicionante social, a roupa é um fator de ficcionalização dos corpos e de abertura para outras identidades e expressões do sujeito.” - Leandro Muniz, curador assistente.