Coleção Brennand
Tudo parte da folha em branco. A tela do primeiro rabisco onde nasce o croqui. Branco é a cor do esmalte dado antes da primeira queima da argila que vira cerâmica.
Quando se pensa em Brennand, se pensa em cores, dimensões e principalmente disrupção. No desfile, último capítulo da nossa coleção, escolhemos retratar essa obra tão vasta apenas com os tons da primeira queima. Branco.
Um convite para olhar de perto e entrar no detalhe. Não tem estampas, apenas traços. Os desenhos são leves nuances entre o brilho e o opaco do Jacquard. O branco aparece amarelado, oxidado. Há momentos que está pigmentado com o tom mais claro da argila, meio rosado. Em outros, quase transparente em um mergulho de organzas.
A seda brinca com proporções. Sua tridimensionalidade em flores retrata as esculturas, nunca limitadas a apenas um plano. Elas saem de si mesmas, brotam, se misturam com as plantas que insistem em nascer poeticamente ao redor. A seda brilha, se dobra em pregas, cria volumes com o shantung em sua textura rústica e imperfeita. Como Brennand gostava, nada perfeito.
Nosso linho recebe as honras das cerâmicas criadas pelos oleiros exclusivamente para nós e em nossa escala. São peças únicas e minúsculas, quase cirúrgicas. O legado de Francisco em nossa dimensão. O tecido mais nostálgico exalta os únicos pontos de cor da apresentação: cajus esmaltados em diversas formas e volumes, folhas orgânicas e camafeus, mosaicos com formatos místicos e sutis. As esferas cerâmicas se misturam com madeira, combinação do natural, presente em toda a Oficina. O linho também recebe outro ofício centenário: preciosas técnicas de bordados. O ponto Labirinto, onde o fio é desfiado e é o lápis do desenho. Os Richelieus, com seus respiros que honram Recife e o delicado Boa Noite, uma dança de paciência com a trama.
Tantas nuances da mesma cor, que é a união de todas. O brilho é natural, refrata o reflexo e encontra a Lua, o mar e sua espuma. Encontra Lia de Itamaracá com sua ciranda, no ritmo circular dos encontros especiais e infinitos. Duas entidades, o mesmo Recife, artes gigantes.