Centenário Paulo Freire, por Luísa Pollo
Paulo Freire (1921-1997) foi um dos mais importantes pedagogos brasileiros. Responsável pela criação de um novo método de ensino, mudou a visão tradicional de transferência de conhecimento que partia do professor para o aluno e propôs o diálogo entre educador e educado; com aprendizados relacionados às necessidades diárias dos alunos.
Em 1963, junto a outros educadores, Freire criou o Plano de Alfabetização. Em 40 horas conseguiram alfabetizar 300 pessoas, todos trabalhadores de canaviais locais da cidade de Angico (RN). Para ilustrar as Fichas de Cultura do Plano de Alfabetização, Ariano Suassuna, amigo de Freire, indicou Francisco Brennand. O "artista erudito" e a pintura popular. Com traços simples e contornos marcantes, Brennand criou 116 slides de imagens próximas do povo, trazendo elementos anedóticos que representavam cenas do cotidiano. Figuras vegetais e animais, trabalhadores e seus instrumentos introduziam palavras geradoras e o desdobramento destas geravam a formação de novas palavras e pequenas frases. O que resultou em uma nova série de Brennand intitulada "Série Paulo Freire".
O Plano de Alfabetização foi levado adiante pelo governo de João Goulart, mas interrompido com o início da Ditadura Militar em 1964. Em ditaduras nunca é interesse educar o povo, pois a educação é uma prática da liberdade, fazendo referência ao título do livro de Paulo Freire de 1967.
A educação proposta por Paulo Freire acontece pelo diálogo com intuito de proporcionar independência ao aluno. O conhecimento prévio do aluno é valorizado e através da troca, educador e educado ganham novas ferramentas para um pensamento crítico, ético e independente. Como brasileiros devemos sentir orgulho e comemorar o centenário desse importante nome da nossa formação intelectual, cultural, política e popular.
por Luísa Pollo