— 02 de junho de 2023
As luzes se apagam, sons de beijo e de pipoca sendo compartilhados... E se alguns casais icônicos das artes dividissem numa mesma sala uma experiência cinematográfica? LEIA MAIS

As luzes se apagam, sons de beijo e de pipoca sendo compartilhados.

Vivian Caccuri e Thiago Lanis estão sentados o mais próximo possível das caixas de som, fazem interferências sonoras criando uma nova experiência cinematográfica.



Rita e Roberto se beijam sem parar, não é possível ver suas mãos. Compõem uma música ali mesmo, no escurinho do cinema. Agnès Varda está sentada em sua própria cadeira de diretora, à parte. Ela dirige seu parceiro Jacques Demy, que opera a câmera fazendo um filme sobre pessoas que assistem a um filme.

Andy Warhol tira selfies escandalosas enquanto abre uma lata de sopa Campbell e Billy Name forra as paredes com papel laminado. As polaroids são distribuídas entre os espectadores da sala escura, é um convite à festa que acontecerá no mesmo local após a sessão.

Frida Kahlo ajeita a flor do terno de Chavela Vargas, as amantes apaixonadas gargalham em silêncio enquanto dão goles ávidos de uma garrafa de tequila contrabandeada para dentro do cinema.

Lina Bo Bardi mal presta atenção ao seu redor, está obcecada pelas poltronas assinadas pelo seu amigo Sergio Rodrigues. Seu marido Pietro fabula levar aquele inesperado acontecimento inventivo para o MASP, uma sessão de cinema onde tudo pode acontecer.

Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade estavam em silêncio esse tempo todo, embasbacados. De repente, Tarsila se levanta, abre sua maleta de pintura e vai até a tela em branco. Por cima das imagens projetadas lança jatos de tinta, num estilo livre totalmente diferente do seu. Oswald pega seu bloquinho e caneta e inevitavelmente começa a escrever um poema.

As luzes se acendem, todos congelam. A sessão chegou ao fim.

Texto por Luísa Pollo.