— 26 de julho de 2021
Samba e parangolés. LEIA MAIS

Se estivesse vivo, Helio Oiticica teria completado 84 anos ontem, dia 26 de julho. Considerado um dos maiores nomes da história da arte brasileira, Oiticica buscou superar a noção de objeto de arte que vigorava até então. Nesse sentido, o objeto de arte ultrapassa o entendimento contemplativo para o que afeta comportamentos, que tem uma dimensão ética, social e política.

A partir de 1959 passa a se envolver com o Grupo Neoconcreto ao lado de artistas como Reynaldo Jardim, Amilcar de Castro, Lygia Clark, Lygia Pape e Franz Weissmann. Abandonando o quadro e adotando o relevo, bem cedo Hélio percorreria novos domínios, criando seus núcleos e penetráveis. 

A ida ao Morro da Mangueira, em 1964, para conhecer a feitura de carros alegóricos, o colocou em contato com uma comunidade organizada em torno da dança, do samba e do carnaval, o que para Oiticica foi uma experiência vital.

Nesta época, Hélio Oiticica criou o Parangolé, que ele chamava de "antiarte por excelência", uma pintura viva e ambulante. O Parangolé é uma espécie de capa (ou bandeira, estandarte ou tenda) que só com o movimento de quem o veste revela plenamente suas cores, formas, texturas e mensagens como “Incorporo a Revolta” e “Estou Possuído”. 

Em 1965, ao apresentar os Parangolés vestidos por passistas da Mangueira na mostra Opinião 65, foi expulso do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, evento que acentuou seu interesse em desenvolver uma arte inseparável de questões sociais.

Foi também Hélio Oiticica quem fez o penetrável Tropicália, que não só inspirou o nome, mas também ajudou a consolidar a estética do movimento tropicalista na música brasileira, nos anos 60 e 70. Oiticica o chamava de "primeiríssima tentativa consciente de impor uma imagem 'brasileira' ao contexto da vanguarda".