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Relato do nosso encontro com a ceramista de 104 anos, Dona Cadu. Os Diários de Viagem do Paraguaçu revelam encontros da nossa viagem de pesquisa na região. VEJA MAIS
Inesquecível a força do abraço de Dona Cadu, ao nos receber em sua casa e atelier, com seus 104 anos de idade. Arrastamos os pés descalços e enlameados na grama e pedimos licença antes de entrar. Maragogipe era nossa quarta parada do dia descendo o rio Paraguaçu.
Com um brilho no olhar e muito orgulho, ela contou que começou a prática da cerâmica aos 4 anos de idade. Uma senhora ceramista vinda do sertão passou a ser sua vizinha. Todo dia Dona Cadu pegava escondido um pouco de barro, com a vontade de mexer naquilo. A senhora viu e se propôs a ensiná-la. Desde então nunca mais parou. Trabalhava com a enxada na roça e com o barro na calçada. Tornou-se uma das principais fornecedoras de panelas de cerâmica para os restaurantes da Bahia, especialmente Salvador.
Fomos embora revigorados, cada um levando uma panela de barro de Dona Cadu. Essa moqueca ficou deliciosa. Na mesma semana após nossa visita, Dona Cadu se foi, dormindo em paz. Fica a alegria pela sorte grande de termos cruzado nossos caminhos e conhecido sua força.
Dona Cadu também era sambadeira e rezadeira. Em 2004 fundou o grupo Samba de Roda Filhos de Dona Cadu. Recebeu o título de Doutora Honoris Causa pelas universidades federais baianas (UFRB e UFBA) e foi reconhecida como “Tesouro Humano Vivo” pela UNESCO.
Texto por Luísa Pollo.