— December 17, 2024
Em nossa viagem de pesquisa pelo rio Paraguaçu reconhecemos lugares antes visitados através da literatura. Confira nossas dicas de livros para levar na mala. VEJA MAIS

Em nossa viagem de pesquisa pelo rio Paraguaçu reconhecemos lugares antes visitados através da literatura. Tratando-se de Bahia, esse local cheio de encantamentos, as histórias coexistem em diferentes tempos e territórios. Nossa ligação com esse estado brasileiro se dá também através dessas histórias que se relacionam de diversas formas.

 


SALVAR O FOGO, DE ITAMAR VIEIRA JR - EDITORA TODAVIA

O livro se passa na mesma região do Recôncavo Baiano, nas margens do Paraguaçu.


Moisés vive com o pai, Mundinho, e sua irmã, Luzia, em Tapera do Paraguaçu, povoado rural na Bahia. Os outros irmãos foram embora. Tapera é uma comunidade de agricultores, pescadores e ceramistas de origens afro-indígena que vive ao mando da igreja (dona de um mosteiro construído no século XVII). Órfão de mãe, Moisés encontra afeto com Luzia — estigmatizada por seus supostos poderes sobrenaturais. Diligente lavadeira do mosteiro, Luzia o educa com rigidez. Ela ainda alimenta a esperança de reunir a família novamente. Anos depois um grave acontecimento pode ser a oportunidade para isso, e este reencontro promete deixar de lado décadas de segredos e sofrimentos.

Sobre o autor: vencedor dos prêmios Leya, Oceanos e Jabuti, Itamar Vieira Junior nasceu em Salvador, na Bahia, em 1979. É geógrafo e doutor em estudos étnicos e africanos pela UFBA. Seu romance TORTO ARADO é um dos maiores sucessos — de público e crítica — da literatura brasileira das últimas décadas, tendo sido traduzido em mais de vinte países.

MAR MORTO, DE JORGE AMADO - EDITORA COMPANHIA DAS LETRAS

Escrito em 1936, quando o autor tinha apenas 24 anos, Mar morto conta as histórias da beira do cais da Bahia. Nenhum outro livro sintetizou tão bem o mundo pulsante do cais de Salvador, com a rica mitologia que gira em torno de Iemanjá, a rainha do mar. 

Sobre o autor: Nasceu em 1912, em Itabuna, na Bahia. Passou a infância em ilhéus, onde viveu experiências que marcariam sua literatura: a vida no mar, o universo da cultura do cacau e as disputas por terra. Começou a escrever profissionalmente como repórter aos catorze anos, na década de 1930 estudou direito no Rio de Janeiro e travou contato com artistas e intelectuais de esquerda, como Rachel de Queiroz, Gilberto Freyre, Graciliano Ramos E Vinicius de Moraes. Durante o Estado Novo (1937-45), devido à sua intensa militância política, sofreu censuras e perseguições. A partir dos anos 50 sua literatura passou a dar mais relevo ao humor, à sensualidade, à miscigenação e ao sincretismo religioso, em livros como Gabriela, cravo e canela (1958), Tenda dos Milagres (1969), Tieta do Agreste (1977). Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1961, e ganhou prêmios importantes da literatura em língua portuguesa, como o Camões e o Jabuti. Sua obra está publicada em mais de cinquenta países e foi adaptada com sucesso para o rádio, o cinema, a televisão e o teatro, transformando seus personagens em parte indissociável da vida brasileira. Jorge Amado morreu em 2001, alguns dias antes de completar 89 anos.

 

UM DEFEITO DE COR, DE ANA MARIA GONÇALVES - EDITORA RECORD

Vencedor do Prêmio Casa de las Américas e incluído na lista da  Folha de S.Paulo como o sétimo entre 200 livros mais importantes para entender o Brasil em seus 200 anos de independência, Um defeito de cor  conta a saga de Kehinde, mulher negra que, aos oito anos, é sequestrada no Reino do Daomé e trazida para ser escravizada na Ilha de Itaparica, na Bahia.

No livro, Kehinde narra em detalhes a sua captura, a vida como escravizada, os seus amores, as desilusões, os sofrimentos, as viagens em busca de um de seus filhos e de sua religiosidade. A personagem foi inspirada em Luísa Mahin, que teria sido mãe do poeta Luís Gama e participado da célebre Revolta dos Malês, movimento liderado por escravizados muçulmanos a favor da Abolição.

Sobre a autora: Ana Maria Gonçalves nasceu em 1970, em Minas Gerais, onde começou a escrever contos e poemas desde a adolescência. Em 2002, abandonou a profissão de publicitária para morar em Itaparica e escrever seu primeiro livro, Ao lado e à margem do que sentes por mim, que já foi um sucesso.

Trabalhou durante 5 anos para escrever seu segundo romance, Um defeito de cor, dos quais a autora utilizou dois anos para uma pesquisa rigorosa, um ano para escrita e mais dois anos para reescrita. A obra conquistou prêmios e foi considerada por Millôr Fernandes o livro mais importante da literatura brasileira do século XXI.

Em dezembro de 2016, Ana Maria Gonçalves se tornou colunista de assuntos raciais, culturais e políticos do jornal The Intercept Brasil.

Após o Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela se inspirar no livro Um defeito de cor para criar o enredo do seu desfile de 2024, a obra alcançou o topo dos mais vendidos da Amazon e foi para sua 30ª edição.